Tesouros Históricos Africanos - A Ruínas do Império Grande Zimbábue

Comumente, quando estudamos História da África, ficamos "mal acostumados" em achar que grandes cidades e grandes impérios africanos formavam-se exclusivamente na África Saariana (O Norte da África), e as vezes relegamos para status de "cultura tribal" todos os outros povos africanos da África Subsaariana (A África abaixo do Saara). As ruínas da Civilização do Grande Zimbábue, datadas dos séculos XI e XII E.C. (Era Comum) nos mostram o quanto estávamos errados com essa visão.


Ilustração mostrando como eram as cidades construídas pelo Império Monomotapa do Grande Zimbábue (Reprodução/Società delle Missioni Africani)

Construída por volta do século XI, esta vila murada com paredes de pedra, chamada de "As Ruínas do Grande Zimbábue", localiza-se próxima ao lago Mutirikwe, na atual nação do Zimbábue. 

Espalhando-se por mais de 1,780 acres, o Grande Zimbábue foi, talvez, a maior cidade subsaariana africana de que se tem notícias. Depois de estudos minuciosos no terreno dentro e entorno dos muros, estudiosos estimam que o Grande Zimbábue era a casa de 10.000 a 20.000 pessoas.


Mapa mostrando a localização geográfica onde a cultura do Grande Zimbábue se desenvolveu (Reprodução/Exploring Africa)

Essa cidade leva o nome de "Grande" Zimbábue porque é a maior de 200 outras comunidades (ou "zimbabwes" na liguagem Shona, uma das principais línguas faladas no Zimbábue até hoje) já encontradas e que formavam o Reino do Zimbábue. que tem as mesmas origens de outros povos do sul da África, como os Zulus. Ambos derivam da cultura Banta.





Fotos tiradas do Sítio Arqueológico do Grande Zimbábue (Ulamm/Wikicommon 1983)

Talvez por ser a maior cidade dentro desse grupo de 200 outras, pode-se supor que o "Grande Zimbábue" foi a capital do reino do Zimbábue durante os Séculos Xi e XII, onde os monarcas desse povo moraram.

Hoje o que restou da cidade foi apenas uma grande muralha branca, feita de tijolos e pedras, chamada de "O Grande Cercado", o que servia como palácio real, complexo de templos, e centro da cidade. 



Gravura mostrando, novamente, como seriam as cidades construídas por esta cultura (Reprodução/Fotolibra)

Esta outra imagem mostra que existiam dois tipos de cidades, a cidade construída nos morros e montanhas da região, e as cidades construídas nas planícies abertas, como é o caso das ruínas aqui estudadas. (Reprodução/African, Black & Diasporic History)

A estrutura da cidade contada com 2 linhas de muralhas, Uma muralha interna e outra externa, esta última com posto de vigia e balcões onde soldados vigiavam quase 360 graus em torno da cidade. entre essas 2 muralhas ficava uma grande torre de vigia, de quase 10 metros de altura. Dentro da cidade murada existiam muitas estrutura e casas, e os arqueólogos acreditam que essas estruturas faziam parte tanto do complexo de templos quanto do palácio do monarca do Zimbábue. 


Foto mostrando como seriam as habitações dentro das muralhas do Grande Zimbábue (Reprodução/Racine Noire)

Foram encontrados, também, uma imensa quantidade de artefatos arqueológicos dentro e fora das muralhas. Esses artefatos ajudaram os estudiosos a montar teorias de como eram e como viviam as pessoas do "Grande Zimbábue". Era uma sociedade muito complexa, com artesanato muito bem desenvolvido (artesãos fabricavam várias coisas usando lã, pedra-sabão, madeira, marfim, couro e argila) e um comércio vívido entre as outras comunidades e até outros povos da região. Outra coisa que espantou os cientistas foi o imenso conhecimento de Metalurgia que esse povo tinha. Além de fazer trabalhos muito elaborados em ouro e cobre, foram encontrados utensílios e armas de bronze e até mesmo em ferro, o que era raro para muitas tribos subsaarianas.



Muralha e torre de vigia da cidade (JackyR/Wikicommon 1996)

Muralhas do Grande Zimbábue (Ulamm/Wikicommon 1983)

Essa Gravura ilustra guerreiros africanos da cultura do Grande Zimbábue se preparando para a guerra, com uma Dança da Guerra. (Angus McBride/Osprey 1977-2007)

Por volta do século XV, a cidade foi abandonada devido à escassez de alimento nas redondezas, que já não conseguia mais manter a população. Há evidências de que a região estava sofrendo de um desflorestamento agudo, o que auxiliou no colapso alimentício e comercial.

Hoje em dia a cidade do "Grande Zimbábue" é um monumento nacional do atual Zimbábue e um Patrimônio da Humanidade declarado pela ONU.


Fontes: 
Museu Metropolitano de Arte, de Nova York: http://www.metmuseum.org/toah/hd/zimb/hd_zimb.htm

Atlas da História do Mundo - História Completa da Jornada Humana, Por Jeremy Black (Org.), editora DK.


África Dourada: Tomboctu, Zanzibar e o Grande Zimbábue, por Leandro Vidal, do blog "Seguindo os Passos da História" (http://seguindopassoshistoria.blogspot.com.br/2011/12/africa-dourada-tomboctu-zanzibar-e-o.html)


MATEIEV, Victor V. O desenvolvimento da civilização swahiliHistória Geral da África – vol. IV: África do século XII ao XVI. Editado por Djibril Tamsir Niane. 2ª edição, Brasília, UNESCO, 2010. (Capitulo 18). 

Matheus Santos da Silveira
Formado em História pela PUCPR
Especialista em História Contemporânea e Relações Internacionais

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