Beleza em todos os ângulos: 10 cidades históricas vistas de cima

A arquitetura neoclássica é um destaque peculiar no tecido urbano da capital francesa, Paris. A cidade milenar, antes cercada por muros e repleta de ruas estreitas características de um crescimento orgânico medieval, foi completamente reformulada durante o reinado de Napoleão III. Isso se deu devido a diversos fatores, entre eles as dificuldades estruturais de atender às necessidades de milhões de novos habitantes trazidos com a revolução industrial. Paris foi um exemplo sublime de planejamento urbano em grande escala, mas deixou um legado lamentável para os valores históricos. Bairros inteiros, ruas e edifícios da principal cidade da Europa Medieval foram sumariamente demolidos.

Algumas cidades no mundo proporcionam a seus visitantes uma experiência única de resgate de contextos históricos. Seja em cidades da antiguidade, medievais ou até modernas, a beleza de uma arquitetura urbana bem preservada pode ser apreciada em diferentes ângulos, até pelo ar se percebem os mais encantadores padrões. 

Uma questão constantemente debatida entre os urbanistas e historiadores é a preservação da paisagem particular de cada cidade. Por muito tempo, sem a proteção de órgãos especializados como a UNESCO, edifícios e traços culturais das cidades foram simplesmente demolidos. Esse foi o caso de Paris, que em meados do século 19 teve a maior parte de seus edifícios  demolidos para  uma  completa  reforma  urbana com objetivos de facilitar manobras militares, substituindo as típicas ruas estreitas medievais pelas largas avenidas de uma modernidade neoclássica. 

Influenciadas pelas reformas ocorrentes na Europa, muitas das cidades mais antigas do Brasil, como o Rio de Janeiro e Recife, também passaram por intensa modificação no início do século 20. Pondo abaixo séculos de arquitetura e vestígios dos tempos coloniais. Na imagem à direita está um exemplo de edifício de valor histórico inestimável que hoje não existe mais. O Arco da Conceição era uma das portas do vila do Recife, construído quase 400 anos atrás, durante o domínio Holandês no Brasil, foi demolido em 1913 durante uma reforma urbana na capital pernambucana. A cidade é uma constante obra inacabada, geração após geração deixará sua marca, por isso é preciso cautela para não cometer velhos erros e destruir valiosos vestígios da nossa história em nome do "progresso".
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A cidade de Nördlingen, na Alemanha, é um exemplo maravilhoso de como eram as cidades livres em plena Idade Média, tempo caracterizado pela predominância de feudos. Esse traçado urbano orgânico se assemelha bastante com o que deveria ser Paris antes de sua reforma.

A cidade perdida de Machu Picchu, no Peru, pertenceu ao Império Inca, que esteve na América muito antes da chegada dos europeus. Sua localização, no topo de uma montanha, manteve suas ruínas desconhecidas por centenas de anos, sendo redescoberta apenas em 1911 durante uma expedição da Universidade de Yale. A arquitetura da cidade é impressionante, tudo foi construído em pedra, sem o uso de aderentes (como cimento) ou de tecnologias como a roda, que aumenta o mistério sobre como eram movidas rochas de muitas toneladas.


Cairo, atual capital do Egito, proporciona uma experiência incrível aos seus visitantes. A civilização egípcia passou por diversos períodos de transição gradual, sendo há séculos um ambiente de cultura islâmica. Entretanto, a rica tradição em construções do tempo dos faraós permanece. Esta fotografia contempla uma visão da Necrópole de Gizé e ao fundo os subúrbios do Cairo. 

Quando se fala em arquitetura, é impossível ignorar Barcelona. Esta cidade espanhola tem uma história magnífica, cada bairro com uma arquitetura particularmente intensa. Diferentemente de Paris, sua expansão preservou vestígios históricos. Dando lugar a novos bairros para a prática de novos conceitos. Nesta foto é possível perceber o tecido urbano do bairro de Eixample, com quarteirões bem definidos e a presença marcante do Modernismo Catalão, representado pelo colossal Templo Expiatório da Sagrada Família, um templo católico que começou a ser construído em 1882 e, assim como as velhas catedrais medievais (que levavam séculos para serem finalizadas), vem sendo desenvolvido em um ritmo artesanal, tendo sua conclusão prevista para 2026. A paisagem urbana de Barcelona é, antes de tudo, uma afirmação política de independentismo sobre Madrid, capital do país.


A Pérola do Mar Ádrico, como é conhecida a milenar cidade croata de Dubrovnik. Fortificada ainda na Idade Média, a região já esteve sob domínios diversos, como o Império Bizantino e a República de Veneza. Sua arquitetura possui elementos medievais, renascentistas e barrocos, valendo uma experiência maravilhosa a visita de seu centro histórico (a parte fortificada), que é exclusivo para pedestre, sendo proibida (e inviável, pela largura das ruelas) a circulação de veículos.

Amsterdã, na Holanda, é outra cidade cuja arquitetura também revela um pouco de sua história. Seu traçado urbano, bem caracterizado pela presença dos canais em meio círculo, é tão antigo quanto a prosperidade desse antigo domínio espanhol. Graças à liberdade religiosa, Amsterdã atraiu pessoas de todo o continente em fuga da Inquisição Católica. Neste momento a Holanda viveu o chamado Século de Ouro, os afortunados imigrantes multiplicaram suas riquezas com os negócios mercantilistas e a capital holandesa passou de uma vila de pescadores para um verdadeiro centro internacional com um planejamento urbano de ponta.


A capital da Grécia, Atenas, é outro exemplo de convivência entre o patrimônio histórico e o cotidiano urbano. Nesta foto está a Acrópole de Atenas, símbolo da Grécia Antiga, uma construção de mais de 2 mil anos em respeitável estado de preservação.


O centro histórico da capital suíça, Berna, é uma peculiar cidade medieval estrategicamente edificada às margens de um rio que serviu como proteção natural contra invasores. O terreno acidentado ainda dá um toque especial à beleza de sua memória medieval.

Tão antiga quanto o fim do Império Romano, a cidade de Veneza se constituiu em uma condição particular: quando o povoado se tornou um centro mercantil estratégico e não havia mais ilhas para se ocupar, sua crescente população recorreu ao aterro para ampliação de espaço aproveitável. Ao longo dos séculos foram conectadas, através de pontes e canais, mais de 100 pequenas ilhas. O resultado foi uma cidade totalmente baseada no transporte fluvial, sendo até hoje proibida a circulação de carros.

Fontes: 
http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=17155&retorno=paginaIphan
http://www.ufpe.br/clioarq/images/documentos/2006-V1N20/2006v1n20a7.pdf
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1725174
http://www.cartacapital.com.br/blogs/intervozes/cronica-de-uma-morte-anunciada-a-cobertura-do-ocupeestelita-em-pe-3964.html
https://www.youtube.com/watch?v=xEn3B43G9Sc

Bruno Henrique Brito Lopes 
Graduando em História pela Universidade Católica de Pernambuco. 

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